segunda-feira, 27 de julho de 2009

Lula, Lugo, Itaipu e o Brasil

O governo Lula cedeu ao governo Lugo, do Paraguai. Cedeu não para ver desenvolver um país vizinho e amigo. Isso todos queremos. O presidente Lula quer ajudar o presidente Lugo que tem uma base política frágil e está atrapalhado com questões da sua vida privada recentemente expostas. Ninguém pode ajudar Lugo, a não ser ele mesmo. Portanto, de nada adianta o gesto do presidente brasileiro.

Para o Brasil, o gesto de Lula custa caro. Primeiro porque ao aceitar triplicar o bônus pago pela energia excedente vendida pelo Paraguai a nós, ele está mandando uma conta para o distinto público. A gente vai pagar ou através de energia mais cara, ou através de subsídio do Tesouro. O presidente Lula disse que a conta não iria para os brasileiros. Já devia saber que não existe almoço grátis. Se o Tesouro pagar pelos consumidores, nós que também somos os contribuintes é que estaremos pagando.

Alguém pode dizer, o que são US$ 200 milhões se isso trouxer tranquilidade na relação com o Paraguai? Aí é que está: não vai trazer. O Paraguai está convencido de que foi historicamente espoliado pelo Brasil e que é a vítima nessa relação. Isso nos faz lembrar a famigerada Guerra do Paraguai, o genocídio americano. Nessa parte, o Paraguai tem razão, o Brasil arrasou seu país. Em Itaipu o Brasil não explorou, nem explora o Paraguai.

O Brasil ao decidir fazer lá e não em águas apenas brasileiras a Usina de Itaipu criou para o Paraguai um ativo econômico que não havia antes. O Brasil capitalizou as partes dos dois sócios, pegou empréstimos internacionais, avalizou através do Tesouro e construiu a usina. O Paraguai tem metade da energia, e o custo dos empréstimos externos é pago pelos dois países. A parte do Paraguai é descontada do que ele deveria receber do Brasil. Portanto não é verdade que o Brasil pague uma quantia irrisória, é que a maior parte do preço pago é usado para pagar a dívida.

A dívida é alta. É. Foi tomada um pouco antes da crise dos anos 70-80 e ficou muito grande. Já houve renegociação que a diminuiu, mas ela permanece alta. De qualquer maneira, sem gastar um tostão, o Paraguai passou a receber recursos e a ter um ativo importante que é a maior parte das suas receitas.

O governo brasileiro quando cede dizendo que o Paraguai, em contrapartida, não vai vender para outros países, está  tentando nos fazer de bobo. O compromisso de vender só para o Brasil é parte do tratado, portanto não poderia mesmo mudar.  Se pudesse vender, o Paraguai precisaria de linhas de transmissão que não tem. O Brasil está pagando para ter o que já tinha de fato e de direito.

O presidente Lugo vira e mexe diz que vai aos tribunais internacionais questionar o tratado. O Brasil não deve ter medo disso. Deveria o Brasil mesmo ir. Porque se está seguro do Tratado, deve querer qualquer dúvida ser dirimida. Aí, com isto reconhecido, o Brasil pode e deve ajudar o Paraguai.

Uma idéia muito boa mesmo, do atual governo, é financiar a infra-estrutura de transmissão de energia para todo o Paraguai, para que eles possam usufruir de energia de melhor qualidade. Outra é a de empresas brasileiras investirem lá, como anunciaram nesta reunião.

O Paraguai se desenvolver é bom para todos. O Brasil ser considerado o explorador dos paraguaios não é aceitável. Essa diferença o atual governo não sabe estabelecer.

Baseado em texto de Míriam Leitão

Míriam Leitão.com

Corumbá

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