terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Tudo errado

Enviado por Giulio Sanmartini em 16/02.

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[Giulio Sanmartini] Um rapaz, filho único e mimado pela mãe, estava servindo o exército. Quando se aproximou o dia da independência, disse à sua mãe que a parada passaria em frente à casa deles e que ela poderia vê-lo desfilar. A mãe não cabia em si de alegria e orgulho, convidou parentes e amigos para verem seu pimpolho marchar todo garboso.

E assim foi feito, mas quando o filho passou, estava marchando de passo errado, o fato era tão gritante que causou um constrangimento geral, contudo a extremada mãe não se deu por achada e sorrindo disse: “Vejam só! Tá todo mundo de passo errado, só meu filhinho é que está de passo certo!”.

Pois é, a política exterior brasileira comandada pelo babaca chanceler Celso Amorim junto com o obsceno e repulsivo assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia (foto)está marchando de passo errado e pior ainda, na contra-mão.

O ministro disse nesta segunda-feira em reunião com representantes da União Européia, que o Brasil quer a volta do presidente deposto hondurenho Manuel Zelaya e um acordo com o Irã.

“Para nós, talvez o mais importante desse processo de reconciliação seja criar condições para que o ex-presidente Zelaya, que era o presidente legítimo até o dia 27 [de junho de 2009], possa também voltar a participar da vida política de Honduras”, afirmou Amorim em Madri.

Questionado se o Brasil vai reconhecer o governo de Lobo, saída tida como consenso por analistas, Amorim desviou e disse que o Brasil não reconhece governos, mas sim Estados.

Em um tema mais polêmico, o chanceler declarou que o Brasil está disposto a favorecer o diálogo entre o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AEIA) sobre energia nuclear, confirmando a posição brasileira contrária as sanções propostas por Estados Unidos e França. O Brasil,  deve se abster em uma possível votação no Conselho de Segurança.

Amorim age por orientação de Marco Aurélio Garcia, que por sua vez faz o que manda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e assim, tudo vai à baldroca*.

* Trocas e baldrocas 1.|| (fam.) contratos fraudulentos e lesivos; tretas, tricas.

Corumbá

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Antídotos contra a corrupção

Enviado por MARINA SILVA - em 15/02

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Em "A REPÚBLICA", Platão conta o mito do camponês Giges que, certo dia, pastoreando suas ovelhas, encontra uma cratera aberta por violenta tempestade. Lá, ele descobre o cadáver de um homem, com um anel no dedo.

Pega o anel e o coloca no próprio dedo. E, para sua surpresa, percebe que a joia lhe dá a faculdade de se tornar invisível.

Com esse poder, Giges passa a cometer uma série de delitos: seduz a rainha, mata o soberano, usurpa o poder. O mito desvenda, assim, a propensão humana a praticar atos condenáveis quando há a certeza da invisibilidade. Impossível não pensar nisso diante do mais novo escândalo nacional, envolvendo o governador de Brasília.

Repetem-se comportamentos -mudando apenas os nomes e os partidos - e fica evidente que a visibilidade dos atos públicos, a tão decantada transparência, somada a ações exemplares de punição ao mau uso do dinheiro do contribuinte, é o melhor caminho para inibir a corrupção e constranger atos ilegais e imorais. Quando não temos processos consolidados que permitam o acompanhamento e o controle social, a corrupção, que se nutre da doentia obsessão pelo poder em si mesmo, ganha espaço e desenvoltura.

Infelizmente, ainda se entende o controle social como algo que atrapalha, empata. Atrapalha o quê e a quem? Seguramente, não a população e o interesse público, como estamos cansados de ver.

A corrupção política, envolvendo agentes públicos e privados, deteriora as instituições e rouba da sociedade o seu espaço de escolha, de realização de objetivos comuns e de solução de problemas dentro de regras democráticas. É a sombra que acompanha a história brasileira e hoje atinge o paroxismo.

A política se descolou da sociedade e atua movida por suas próprias razões e interesses, o que não leva e nunca levará a atos eticamente aceitáveis, mesmo que muitos deles não estejam tipificados em lei como crimes.

Nossa tarefa é a de identificar, na política, onde estão os anéis de Giges e destruí-los. No caso de Brasília, não penso que se deva tripudiar ou correr para tirar proveito político da desgraça que, a rigor, é da cidade. Não cabe vingança, mas sim justiça, para retomar o primado do interesse coletivo. Mas isso não esgota o assunto.

O risco está aí, no modelo de financiamento de campanhas, na tendência a mostrar o mínimo possível das entranhas da gestão pública, na pouca disposição a enterrar os privilégios que alimentam a fogueira da corrupção.

O projeto de iniciativa popular conhecido como Ficha Limpa ainda está patinando no Congresso, o que é um mau sinal. Não é este o momento emblemático de aprová-lo?

 
contatomarinasilva@uol.com.br

Corumbá

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Governo não quer depoimento de Dilma

"O governo Lula tenta evitar o depoimento da ministra-candidata Dilma Rousseff, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Ela foi convocada falar sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos, aquele que pretende revisar a Lei de Anistia. O Planalto vai argumentar que o assunto não diz respeito à pasta de Dilma."

Claudio Humberto

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O argumento do Planalto é ardiloso, por que: Quando o presidente Lula voltou das férias oficiais, tinha alguns problemas a resolver, o principal era o de cuidar dos estragos causados pelo infeliz decreto sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos, assinado por ele mesmo em 21 de dezembro.

Pelo menos um erro o presidente reconheceu: não se deveria ter incluído no texto a proposta de revogação da Lei da Anistia, de 1979. Melhor deixar o assunto para o Judiciário, porque a lei já fora contestada pela Ordem dos Advogados do Brasil e o Supremo Tribunal Federal deverá julgar a ação neste ano.

Mas o erro foi cometido em várias etapas: Além da de Paulo Vannuchi, houve a da ministra Dilma Rousseff, que não explicou ao presidente o que ele estava assinando, pois ele o fez sem ler o texto.

Houve uma intenção para atenuar essa grave falha, dizendo que tinha lido, mas assinado sem pensar nas consequências, aí não se sabe o que é pior: assinar um decreto sem ler, ou a de assinar mesmo lendo sem ter entendido o que estava fazendo.

Mas tudo leva a crer que o presidente, como se sabe, é avesso a leitura e ao trabalho, portanto é difícil imaginar que ele se tenha dado ao trabalho de ler as 92 páginas do decreto. Mesmo assim isso não o isentaria de responsabilidade.

Dessa forma pode-se ver que a intenção de blindar a ministra não é pelo fato não ser de sua pasta, haja vista que passou a ser no momento que ela teve a participação ativa nos fatos que geraram a crise.

O motivo principal de não querer que a ministra fale na CCJS, é que os militares mostraram não ter medo do passado desde que ele também revele as “violações” cometidas por Dilma, Franklin Martins, Paulo Vanucchi, Tarso Genro e tantos outros que estão ao lado do presidente, hoje, querendo reescrever com ódio e revanchismo a História do Brasil.

Corumbá