sábado, 29 de agosto de 2009

Lula e os “debates menores”

Disse o Presidente Lula:

Não temos o direito de permitir que a pequenez política, que a mesquinhez política, que [...] esses debates menores que acontecem na sociedade atrapalhem o caminho desse país.

Eu gostaria, sinceramente, de saber que “debates menores” são estes.

Digo isso pois, dependendo do que o Presidente quis dizer com “debates menores”, ele pode estar ou corretíssimo ou completamente equivocado.

É muito simples:

Se “debates menores” for a expressão escolhida por Lula para descrever as picuinhas políticas, as brigas pessoais pelo poder, as rusgas entre os que colocam o interesse pessoal à frente do coletivo, os conflitos ideológicos que não levam a lugar algum e a má vontade de uns em reconhecer os acertos de outros, enfim, aquelas situações em que o empecilho das mudanças necessárias é muito menos relevante do que elas mesmas, o Presidente acerta totalmente ao dizer o que diz.

Porém, se “debates menores” for a expressão escolhida pelo Presidente Lula para descrever situações como a crise do Senado, as irregularidades da Petrobras, as compras de votos, as contas mal explicadas das campanhas, as denúncias de corrupção nos estados e municípios, as paralisações de obras do governo como o PAC, entre outros casos, Lula está completamente equivocado ao afirmar que estes “debates menores” não podem atrapalhar o caminho do País.

Explico: Enquanto essas coisas descritas no parágrafo anterior continuarem a acontecer, enquanto o brasileiro for obrigado a ser esperançoso ao extremo para não desacreditar o bom futuro de seu País, enquanto pessoas inidôneas se locupletarem com nosso sofrimento, o Brasil não estará no caminho certo.

De que adianta um caminho de desenvolvimento se suas benesses não são distribuídas pela população? De que serve o aumento dos recursos públicos para investimentos se as verbas vão parar no bolso de salafrários?

Resumindo, o Presidente Lula acerta se quis dizer que não se pode colocar questões partidárias, ideológicas e pessoais à frente do bem da nação como um todo. Porém, erra fragorosamente se interpreta que em busca de um suposto desenvolvimento e de uma hipotética evolução, deve-se fazer vista grossa a coisas como os atos secretos do Senado. Justamente porque são supostos e hipotéticos avanços que não levem em conta uma melhoria da ética e da moralidade.

Deixar de lado picuinhas entre governo e oposição pelo bem do Brasil? Aprovo.

Olhar com leniência a roubalheira? Impensável!

A verdade Presidente, é que se os “debates menores” forem a corrupção e a negligência, eles nem poderiam estar no caminho do País.

Sabe por quê?

Porque corrigi-los faz parte do caminho.

Corumbá

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Receita está na “normalidade”, segundo Mantega.

É fato consumado a crise na Receita Federal.

Informa o Globo que um grupo que já chega a quase 60 auditores fiscais da Receita Federal, 24 deles em São Paulo, confirmou nesta quarta-feira pedido de exoneração de cargos de chefia em protesto contra a demissão da ex-secretaria Lina Vieira e suposta ingerência política na instituição.

As exonerações em massa, que podem aumentar nos próximos dias, aprofundaram a crise interna na Receita e, segundo servidores do alto escalão, já estão comprometendo o trabalho do Fisco.

A grande questão é que a própria Lina Vieira também causou ingerência política, já que aparelhou a Receita com sindicalistas ligados ao PT. Portanto, trata-se de uma briga de grupos, uma guerra interna, entre aliados de Lina, aliados de Everardo Maciel e Jorge Rachid e aliados de Nelson Machado.

Os entendidos afirmam que a culpa é toda do Ministro Guido Mantega, superior hierárquico da Secretaria da Receita Federal, que comanda o órgão. Segundo eles, Mantega errou feio ao retirar Jorge Rachid da Secretaria e colocar em seu lugar Lina Vieira. Mantega teria trocado uma equipe que mantinha a máquina azeitada desde os tempos de FHC por uma ligada ao PT com essa atitude, coisa que vem se repetindo em todos os Ministérios, em todos os espaços estatais: a institucionalização do PT.

Seja isso verdade ou não, o certo é que há, sim, crise na Receita Federal e que existe, sim, prejuízo no funcionamento do órgão.

Por conta disso, é inaceitável a declaração do Ministro Guido Mantega de que a Receita está “na normalidade”.

Primeiro, supomos então que ninguém deve saber bem o que significa a expressão “na normalidade”.

E segundo, porque se a Receita está “na normalidade”, deve ser uma loucura trabalhar “normalmente” e produzir num lugar desses…

Corumbá

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Dilma, Lina e a Segurança Nacional

Informa a coluna Painel da Folha:

“Embora o GSI [Gabinete de Segurança Institucional] diga que ‘as especificações do contrato’ do sistema de segurança do Planalto impeçam o armazenamento de imagens por mais de 30 dias, é o próprio palácio, e não a empresa fornecedora dos equipamentos, quem gerencia o conteúdo gravado.

Adquirido por R$ 3,2 milhões em 2004 da Telemática, o sistema, com 225 câmeras, reúne o que há de mais moderno em tecnologia de segurança no país. Quem o conhece desconfia da explicação fornecida pelo GSI. Um dos motivos é que o prazo de 30 dias se refere apenas à memória de cada câmera, mas essa não é a única etapa de arquivamento dos dados, geralmente transferidos para outra plataforma.”

Este que vos escreve não pode afirmar nada sobre o sistema de segurança do Palácio do Planalto. Se não o conheço, não posso atestar a veracidade das explicações do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) a respeito do prazo de arquivamento dos vídeos gravados pelas câmeras de segurança do Palácio.

Acontece que uma coisa eu posso, sim, fazer. E faço isso como cidadão brasileiro pagador de impostos, e não, como alguém que deseja criticar o governo pura e simplesmente. O que posso fazer é questionar.

A primeira questão é a que diz respeito ao preço do sistema. Meus caros, se for verdadeira a explicação do GSI, os nossos impostos estarão sendo utilizados para gastar milhões de reais com um sistema de segurança pior do que os das lojas de conveniência dos postos de gasolina. Trinta dias apenas? Se não há mentira, há, no mínimo, incompetência.

A segunda questão é muito simples e direta: Se Lina realmente mentiu como alega Dilma, porque não foi processada?

A terceira questão se relaciona com a resposta que Dilma Rousseff deu a Lina Vieira, por meio da imprensa, no início do embróglio entre as duas. Meus amigos, a realidade é que Dilma cometeu um erro em seu discurso. É claro que todos nós queremos a verdade, nada mais do que a verdade, porém, se a Ministra tivesse dito que havia se encontrado com Lina, mas que o teor da conversa tinha sido diferente do alegado pela ex-Secretária da Receita, Dilma estaria em melhores lençóis. Provar o teor da conversa seria impossível. Provar o encontro não é.

É por isso que estamos agora às voltas com explicações do GSI. Porque Dilma se perdeu na sua resposta e disse o que não devia. Na minha opinião, isso foi ótimo, mas não porque prejudica a Ministra, e sim, porque dá motivos para o perseguimento da verdade. Porém, alguns governistas expressam, nos bastidores, o desgosto com o rumo errado tomado por Dilma em suas explicações iniciais.

Se Dilma disse que o encontro não ocorreu, terá mentido para a nação se ele for comprovado. Tendo mentido sobre isso, quem acreditará que não é verdade o que alega Lina Vieira?

A verdade é essa, meus caros. O Brasil poderá vir a saber a verdade por um deslize de Dilma. Um deslize odiado por seus aliados, adorado pela oposição e que deve ser valorizado por quem quer apenas a verdade, como nós. Foi ele que possibilitou a investigação.

Se o encontro for comprovado, repudie-se Dilma. Se o encontro for provado como inexistente, que se puna Lina Vieira com o rigor da lei.

O problema é que parece que o encontro não será comprovado mas também não será refutado. Nesse caso, a dúvida continuará a pairar. E pairará pelo deslize de Dilma. Um deslize que a oposição comemora e que a Ministra, com certeza, lamenta.

Eu, por minha vez, acredito que o deslize foi benéfico. Deu-nos a chance de levar as alegações ao campo da investigação dos fatos, o melhor modo de saber quem fala a verdade.

Se Dilma é culpada eu não sei, mas quem não deve não teme.

Corumbá

domingo, 23 de agosto de 2009

Casa de Zumbis

Na Presidência, José Sarney não tem condições de presidir sessão nenhuma, arrastando os pés tristemente do gabinete ao plenário sob uma nuvem de ostracismo. Sua voz e sua mão nunca mais vão parar de tremer na tribuna.

Na liderança do PT, Aloizio Mercadante é um fantasma dele mesmo, numa função fantasma. Líder de uma bancada subjugada pelo Planalto e que se desfez em pedaços e em intrigas, ele não fala mais para seus pares petistas, nem para a base aliada, nem para a oposição, talvez nem para ele mesmo.

Na liderança do PSDB, o principal partido da oposição, Arthur Virgílio engaveta os seus discursos irados e recheados de um certo lustre intelectual para conviver hoje, amanhã e sempre com o depósito feito por Agaciel Maia para pagar hotel em Paris e com os milhares de reais que saíram do público para financiar o estudo privado de um amigo assessor.

Sarney, Mercadante e Virgílio são zumbis de um Senado zumbi. E não só do Senado, mas da política.

Sarney, o veterano de fala mansa e conversa agradável, não teve mais condições de eleger a filha Roseana ao governo do Maranhão e levou um suadouro de uma delegada negra e estreante nas eleições no Amapá. Enfraquecido em seus três feudos - o Maranhão, o Amapá e o Senado -, vai se agarrar desesperadamente a Lula, ao preço da aliança formal do PMDB com Dilma.

Mercadante, que se regozijava com a condição de senador mais votado do país, hoje já não dá para o gasto. Vêm aí as eleições para o governo de São Paulo, mas ninguém fala no nome do senador mais votado do Estado. Aliás, como veio o governo "do amigo" Lula, mais ninguém falou no seu grande assessor econômico para a Fazenda.

E Virgílio, uma ilha nos mais de 80% de Lula no Amazonas, entrou na política como jovem brilhante e está para sair como neurótico estridente e inconsequente.

É um resumo cruel. Mas, infelizmente, verdadeiro."


Baseado em texto de Eliane Cantanhêde
E-mail: elianec@uol.com.br

Corumbá