quinta-feira, 11 de março de 2010

A remuneração do servidor público

Recebi mensagens semelhantes esta semana e com queixa semelhante: a baixa valorização dos servidores públicos. Do Mato Grosso, uma indignação sobre a remuneração dos profissionais da área de saúde: R$ 847 é o salário base do cirurgião dentista concursado na capital, Cuiabá.

Da Paraíba, vem a informação que os professores, insatisfeitos com o reajuste de 5% oferecido pelo governo do Estado, estão em greve. O piso do professor lá é R$ 610 para 25 horas de jornada semanal. Conta-me uma professora que faz parte do comando de greve que o baixo salário é apenas um dos problemas. “Educação aqui é um descaso, mais de 300 escolas sem as mínimas condições de trabalho”. Em Pernambuco, a mesma categoria ameaça entrar em greve por estar há dois anos sem reajuste.

Não que sirva de consolo (nem que sirva de desestímulo) aos dentistas mato-grossenses e aos educadores paraibanos e pernambucanos, mas os casos relatados acima estão longe de ser exceções, repetem-se de canto a canto do Brasil.

O que se repete também é a desculpa usada pela maioria dos governantes para não pagar salários justos ao funcionalismo: “é a Lei de Responsabilidade Fiscal”. Balela! As folhas de pessoal dos órgãos públicos estão inchadas, na maioria dos casos, não pelo excesso de médicos para cuidar da nossa saúde ou de professores para educarem nossas crianças.

Estão inchadas pelos apadrinhados políticos, pelos cabos eleitorais, pelos assessores de coisa nenhuma.
O funcionário público, aquele contratado via concurso público pelos seus méritos, merece ser bem remunerado.

Um funcionário valorizado faz melhor o serviço para o qual é pago.

Tenho dito que três profissões são necessariamente vocacionais para serem bem executadas: Padre, médico e professor.

Mas, reconheço, mesmo se tendo vocação para a atividade, a sobrevivência digna tem que ser garantida. Se o melhor caminho é prejudicar a população para conseguir ser ouvido é que, talvez, demonstre uma incompetência dos dirigentes - de ambos os lados.

No final, quando deixa o servidor de lado, o governante está depondo contra o próprio governo. Fazendo greve, o servidor deixa o motivo de sua existência de lado e depõe contra sua própria profissão.

É aquela história, se o malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto só de malandragem.

Corumbá