quinta-feira, 18 de março de 2010

A pesquisa e as esperanças de Ciro

A pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria, apresentou cenários que, no meu entendimento sepultam as esperanças presidenciais de Ciro Gomes.

É sabido e notório que Lula, com seu alto cacife político atual, tem condições de inviabilizar totalmente a candidatura a presidente do ex-governador cearense através da atração de todos os partidos da base aliada para a coligação em torno da candidatura da ministra Dilma Rousseff, o que deixaria Ciro Gomes e seu partido, o PSB sem a possibilidade de arregimentar aliados que tornassem possível a viabilização da candidatura de Ciro.

Sendo assim a realidade é que Ciro dependia de que ficasse provado para o presidente Lula que sua presença na disputa presidencial era benéfica para Dilma. Dependia. Esta comprovação já não é mais possível, afinal, o Ibope já demonstra que a presença de Ciro não altera a vantagem de Serra sobre Dilma.

Ora, se Ciro não auxilia Dilma, Lula permitiria articulações que viabilizassem sua candidatura baseado em qual motivo?

Conclui-se, portanto, que o fato de o Ibope ter demonstrado que a distância entre Serra e Dilma sem Ciro Gomes no páreo é a mesma apresentada quando ele entra na briga (38% a 33% e 35% a 30% respectivamente), sepulta as pretensões presidenciais de Ciro.

Lula só deixaria Ciro concorrer se Dilma lucrasse com isso.

Está comprovado pelo Ibope que, a partir de agora, isso não se dá.

Aliás, pode-se até mesmo supor que Ciro só continuava na disputa por, anteriormente, auxiliar na diminuição da distância entre Serra e Dilma auxiliando na manutenção da animação da militância governista.

Estariam se aproveitando dele. Muitos afirmam que é o caso. Resta saber se há concordância de Ciro nos bastidores.

No fim das contas, Lula faz pesar seu poder imperial sobre Ciro: o deputado só pode sair candidato se Lula deixar, e seu nome pode, provavelmente, ter sido apenas usado até agora.

Lamentável sob o prisma da busca pela evolução da democracia brasileira.

Corumbá

terça-feira, 16 de março de 2010

Royalties e Eleições

O Palácio do Planalto está com uma bomba nas mãos e precisa desarmar: ela chama-se Royalties do Petróleo, mas precisamente a emenda Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que mudou a forma de divisão dos recursos não só do pré-sal, mas dos campos já licitados.

Principais prejudicados pela alteração, Rio de Janeiro e Espírito Santo são estados que eleitoralmente tendem para a candidatura de Dilma Rousseff (PT), mas é uma incógnita saber como estes estados se comportarão caso seja mantida a divisão proposta pelo deputado gaúcho.

O Palácio do Planalto, seja por meio de entrevistas de Lula, ou por declarações do próprio líder do Governo, Cândido Vaccarezza, sinaliza que o presidente vetará a emenda, caso ela passe como está pelo Senado. Faria isso, contudo, não sem algum desgaste com os demais estados.

A verdade é que houve inabilidade dos políticos fluminenses na condução da crise e um excesso de confiança de que o presidente ajeitaria as coisas. E o Planalto não fez a força que poderia para impedir a votação na Câmara.

Portanto, o veto do presidente não basta, já que ele pode ser facilmente derrubado pelo Congresso. O tumultuado momento eleitoral exige dos políticos fluminenses cuidado redobrado e habilidade reforçada para conduzir este processo.

No final de semana, o próprio Ibsen sinalizou que poderia apresentar uma proposta alternativa, em que o Governo Federal abriria mão de parte dos recursos para compensar as perdas dos estados produtores.

Outros senadores também sinalizaram em retomar a proposta original do relator que altera apenas a distribuição dos recursos do Pré-Sal, mas mantém intacta a distribuição dos campos já licitados. Diante da situação que existe hoje, já seria um alívio, mas ainda é possível os estados produtores consigam avançar um pouco sobre os recursos do pré-sal. Com menos declarações afobadas, menos holofotes e mais conversas reservadas.

Mexer nos campos atuais é algo que não faz sentido. Os recursos já estão incorporados nos orçamentos dos estados produtores. Mudar a partilha do pré-sal é questionável, uma vez que os estados produtores já tem a desvantagem de o Petróleo não pagar ICMS na origem, mas no destino, ao contrário dos demais processos produtivos.

De toda forma, é preciso saber barganhar. Uma divisão justa a este momento significaria o Rio abrir mão de uma parte dos recursos futuros, o governo federal também abrir mão de uma parte, para que os demais estados ganhassem uma fatia maior do bolo. Seria um bom negócio para todos.

Corumbá