sábado, 7 de setembro de 2013

Empresários Sem Futuro

Enviado por Stephen Kanitz


O importante, no Brasil, não é o lucro máximo, e sim manter o controle de 100% da empresa na família.

Para muitos acadêmicos , o empresário é um “maximizador de lucros”, imbuído de “espíritos animais”,um egoísta que sempre almeja o lucro máximo.

É essa premissa básica que dá à ciência econômica sua dinâmica e previsibilidade e permitiria, se não fosse equivocada, que nossos acadêmicos fizessem previsões.

Por razões culturais que não nos cabe julgar, o objetivo dos empresários brasileiros é maximizar o controle acionário.

O importante, no Brasil, não é o lucro máximo, e sim manter o controle de 100% da empresa na família.

Se existir um negócio que propicie lucros maiores, mas que exija a abertura ou diluição do controle da empresa, a maioria dos nossos empresários opta por ficar de fora.

Preferem ter 100% ou 51% de uma empresa pequena a ter 15% de uma enorme empresa.

Bill Gates, que pretende doar tudo ao terceiro setor, não se preocupa a mínima em ter somente 15% de uma enorme Microsoft.

Esse objetivo cultural não consta nos livros de Keynes, Marx e Friedman, razão pela qual a ciência econômica não funciona no Brasil: as premissas básicas são outras e implicam uma política econômica totalmente diversa para o Brasil, algo que nunca foi feito.

Vejamos as implicações:

1. Nossas empresas só crescem o que o reinvestimento de seus lucros permitir.

Como consequência, precisam criar  produtos de luxo, que comandam margens estratosféricas, no lugar de produtos populares, com margens reduzidas mas produção e investimentos em massa.

2. Nossos empresários preferem abrir mão do crescimento a perder o “controle acionário” crescendo rapidamente.

Fusões e incorporações para competir globalmente, nem pensar.

A maioria das empresas americanas opera globalmente, e nós temos no máximo cinco empresas brasileiras operando multinacionalmente.

3. Empresário brasileiro não exporta nem com câmbio superfavorável, ao contrário das famosas previsões de Delfim Netto.

4. Empresas americanas com funcionários acionistas não têm caixa dois nem sonegação.

Todos são fiscais de si mesmos, para a alegria da Receita Federal.

5. Nossos empresários preferem viver endividados a compartilhar a empresa com pequenos acionistas, gerando, assim, nossas constantes crises da dívida.

Temos menos de 56 empresas em bolsa, a Índia tem 6 000.

6. Deputados ligados a esses empresários elaboraram uma Lei das S.A. que protege o controlador, e não o acionista.

No Brasil, pequeno acionista nem direito a voto tem, algo totalmente inconstitucional em um país democrático.

Nossos empresários boicotam aprimoramentos da Lei, e aplaudem de pé a morte lenta de nosso mercado acionário, fechando o capital de suas empresas.

Incapazes de vislumbrar o futuro, nossos empresários esquecem que seus filhos, netos e bisnetos um dia serão pequenos acionistas minoritários.

Estão dando um tiro no próprio pé, e em seu patrimônio.

Empresas no Brasil valem pífias quatro ou cinco vezes seus lucros anuais.

Na Europa e na Índia chegam a valer sessenta vezes, porque lá se maximiza o lucro e o acesso a mais capital.

Nem os filhos desses empresários ficam felizes com essa situação.

Não podem vender sua participação e seguir vida  própria, nem vender 1% das ações para comprar uma Ferrari.

Passam a vida no “Conselho”, sonhando em vender tudo para uma multinacional.

Coisas para pensar,

Corumbá