domingo, 2 de janeiro de 2011

Adeus, Lula

Enviado por Yashá Gallazzi*, em 01/01/2011

Como no filme de Wolfgang Becker, onde Christiane Kerner acabou se vendo forçada a dar adeus ao facínora Lênin, as viúvas de Lula terão que dar adeus ao apedeuta logo mais.

Lula não fará nenhuma falta ao mundo civilizado. Os inegáveis acertos do governo petista, todos decorrentes da adoção de políticas antes rejeitadas pelo próprio PT, se tornam pequenos diante do rebaixamento institucional e da deturpação de valores morais que marcaram os anos de Lula no Planalto.

Os defensores da “era Lula” tentarão sempre sacar a numeralha das pessoas que saíram da pobreza, das famílias incluídas nos programas sociais e coisas do tipo. Mas sempre serão esmagados pela lembrança de um governo que emprestou apoio moral a todas as piores ditaduras do mundo. Lula acertou em muitas coisas? Sim! Principalmente quando decidiu manter o que já existia. Mas como ficam os valores? De que adianta crescer a 4, 10, 20% ao ano, se tal “sucesso” é usado para defender, de forma oblíqua, o apedrejamento de mulheres?

Lula não me representa. Nunca representou. A marca mais indelével do governo dele? A mesquinharia. Sim, isso mesmo! Esqueçam mensalão, dossiês, Dirceu, Palocci ou qualquer coisa do tipo. Nada sintetiza melhor o governo de Lula do que a baixeza de sua conduta pessoal, a maneira pedestre com que ele sempre se portou.

Como quando afirmou, outro dia, que é bom terminar o mandato e “ver os EUA em crise”. Bom por quê? Para quem? Onde está o fundamento lógico que embasa tal afirmação? Quem, senão um sujeito claramente sociopata, poderia se expressar de forma tão desassombrada, tão evidentemente equivocada?

As falas improvisadas de Lula são o espelho da alma dele. É quando se livra dos estribos impostos pelos assessores e marqueteiros que o sujeito revela o que está guardado no seu íntimo. O Lula de verdade é aquele que compara o assassinato de opositores do regime iraniano a um Flamengo versus Corinthians, ou o que se recusa a condenar uma tirania que apedreja mulheres em praça pública porque, bem… cada país é “autônomo”.

Não sentirei saudade alguma do sujeito que chamou Kadafi de “companheiro”, ou que disse “se inspirar” no ditador do Sudão. Não fará falta alguma ao meu mundo um homem capaz de declarar, ainda no início de sua carreira política, que admirava Hitler, e que – permitam-me ser sutil… – “flertava” com animais… Adeus, Lula!

Se Lula não existisse, não precisaria ser inventado. É daquelas personagens que, num futuro não tão distante, servirão para que a sociedade atual seja motivo de chacota por parte de historiadores. Dirão: “Aquele povo medíocre, que elegeu no mesmo período Tiririca, Sarney e Lula…” Imaginem as gargalhadas zombeteiras diante de excrescências como a tal plataforma de petróleo batizada com o nome do petista.

Lula representou o triunfo da ignorância. A exaltação do apedeuta. Durante os últimos anos, virou chique desdenhar de uma boa leitura e de uma formação acadêmica de qualidade. Outro símbolo dessa era triste que se encerra é a famosa tirada de Lula, dizendo que depois de terminado o mandato não iria dar aula na França e nos EUA, mas ficaria em São Bernardo mesmo. Ora, ele não vai mesmo! Mas não porque não queira. Que nada! Ele não vai porque não pode! Porque para dar aula em certos lugares é preciso saber concordar o sujeito com seu verbo, se é que me entendem…

O ano de 2010 termina e leva embora o último bafo de Lula como mandatário maior do país. Nada poderia ser mais auspicioso! Pelo menos, ao que tudo indica, teremos um ano novo em que o Brasil não servirá de arrimo político e moral para gente que acha “normal” atirar pedras nos olhos de mulheres. Já é uma melhora muito grande, não tenham dúvida!

Feliz 2011! Adeus, Lula!

*Yashá Gallazzi é editor do blog Construindo o Pensamento e escreve no Twitter em @yashagallazzi

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