Todos nós ouvimos, pelo menos uma vez, os diálogos da neta, do filho e do avô pelo telefone. Bastante instrutiva, a conversa girava em torno de uma “vaga” surgida no Senado com a saída de um dos filhos do avô, em busca de voos melhores. A “vaga” era um “emprego público hereditário”
Pela primeira vez, nessa crise do Senado, uma denúncia com base numa iniciativa do presidente José Sarney: limpa e clara posse de um emprego público. Um político chegou a afirmar que “as conversas com a posterior nomeação efetiva de um agregado é batom na cueca”.
Quando a conversa do avô, o filho e uma neta chegaram a Agaciel Maia com a determinação de “segurar” a vaga para o namorado da filha para a vaga antes ocupada pelo irmão, Agaciel foi enfático e não deixou dúvidas: “Fernando, isso daí você tem que conversar com o presidente ou com o Sarney, eu não tenho autonomia”
Para a moça, ela estava dentro daquilo que a família lhe ensinara a vida toda: o posto pertencia ao clã.
E estava certa, poucos dias depois, o rapaz estava empregado (não confundir com “estava trabalhando”)
E Fernando Sarney, em outra ligação para o filho João Fernando, ainda ironizou o fato do Epitácio Cafeteira, dono do gabinete empregador do rapaz, tê-lo convocado para “dar uma olhada no funcionário”…
O que falta agora? O presidente do Senado, José Sarney, mentiu ao negar a existência de atos secretos, mentiu que tenha descumprido a Constituição no tocante à prática de nepotismo e mentiu ao dizer que nada sabia sobre os ilícitos imputados ao ex-diretor Agaciel Maia.
Se o Senado, o Conselho de Ética, a tropa de choque, o presidente Lula e seus agregados continuarem afirmando que Sarney é vítima de conspiração e que sua permanência na presidência tem que ser mantida, devem ser, a partir de agora tratados como cúmplices.
Não vai mudar quase nada, mas pelo menos saberemos com quem estaremos tratando.
Corumbá