Cedinho, os fins de semana são anunciados com alarde por carros conduzidos por motoristas que resistem a se desvencilhar dos restos da sexta-feira. E os pratos tremem na mesa, durante o café da manhã das famílias dos subúrbios, ao som insuportável de uma música de terceira, dúbia como é o caráter desses a quem parte da população, mais esclarecida e revoltada, chama de "arremedos de DJs".
Se não são eles a acabar com o apetite e a saúde dos que preferem (ou precisam) de silêncio, são os carros de propaganda política ou aqueles pagos para anunciar uma atração qualquer, igualmente de contribuição duvidosa para a cultura local.
No cotidiano, o inferno das propagandas de lojas, óticas, planos de saúde, loterias e adjacentes são infernais e constantes em seus altos decibéis. Isso sem falar nos famigerados vendedores de CDs piratas com seus equipamentos potentes que, enquanto vendem, deixam seu som em alto volume parados em frente a escolas, hospitais, residências, sem o mínimo respeito à população.
Não há polícia que dê jeito, mas, a bem da verdade, ela nem se mostra muito interessada, porque pode se dar ao luxo de alegar que tem mais o que fazer.
No entanto, diante do puxão de orelha que o Ministério Público acaba de dar em um restaurante e uma lanchonete do pequeno município de Tuparetama (Sertão), para que proíbam clientes de parar na casa com o volume do som do carro lá em cima, a população de Belo Jardim passou a ter esperança de que o Ministério Público resolva aparecer por lá.
Em apenas um fim de semana, poderia sair com a mala cheia de Termos de Ajuste de Conduta assinados, mesmo sem nenhuma garantia de que eles seriam cumpridos.
Mas isso já é outra história - falta o primeiro passo na tentativa de que a lei seja respeitada.
Baseado em texto de Luce Pereira, publicado no Diário de Pernambuco
luce.pereira@diariodepernambuco.com.br
Corumbá
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