quinta-feira, 9 de junho de 2011

Qual a sua contribuição?

por Maria Silvia Orlovas - morlovas@terra.com.br

Na semana passada, quando me propus estudar o tema Colaboração, para o Grupo de estudos dos Valores Humanos, o fiz pensando no Facebook e no impacto da convivência com as redes de relacionamento em nossa vida. Como sou uma pessoa muito observadora, tenho prestado atenção nos meus amigos do Facebook e nos seus posts, e percebi que alguns posicionamentos se repetem.

Algumas pessoas fazendo denúncias, mostrando escândalos, maus tratos aos animais, coisas muito triste de se ver, e qual seria o intuito? Chocar? Dizer que o nosso mundo é difícil e que alguém precisa fazer alguma coisa?

Pois bem, todos nós já sabemos que o mundo é difícil. Todos nós sabemos um monte de coisas, mas e qual atitude nos cabe? O que podemos fazer para o mundo ser um pouco melhor? Qual a sua contribuição?

Sou totalmente favorável à informação, acho que devemos estar conscientes de tudo o que nos cerca, lembrando que a realidade é sempre relativa à consciência e nível de compreensão, porque, muitas vezes, infelizmente, as pessoas criticam coisas que não se deram o tempo de compreender com o aprofundamento necessário.

Na verdade, sou contra a crítica pura e simples. Acho que para toda descoberta negativa, temos que ter uma ação pessoal, mesmo quando o problema não bate à nossa porta. Se sabemos de um fato muito ruim, como violência, falta de condições de pessoas pobres, ou da falsidade dos políticos, temos que pensar em seguida qual o nosso papel para mudar isso. Se sou médico, dentista, professor, publicitário, empresário, terapeuta, não importa. O que vale é pensar o que cada um pode fazer para melhorar esse mundo que é nosso.

Nós fazemos o mundo. Aliás, essa é mais uma frase que poderia estar estampando o Facebook de alguém. Pois tenho observado que muita gente está gastando tempo pesquisando mensagens lindas, pensamentos iluminados, citações de pensadores famosos. O que acho muito bacana. Tem dias que meu Facebook fica lotado desses pensamentos. Então, não sei se me animo pensando que o nosso mundo tem esperança, ou se desconfio de tantas citações maravilhosas. Afinal, quem está atrás da tela do computador continua sendo uma pessoa normal, com desafios diários como todos nós.

O que vem em minha mente é o pensamento de que precisamos de mais ações positivas para de fato melhorar o nosso mundo. Espiritualmente, sabemos que antes de uma ação precisa acontecer um impulso que gera um pensamento e depois uma atitude. Assim, espero que para todas as mensagens iluminadas e cheias de boas intenções aconteça em seguida uma atitude firme, forte e com perseverança. E que aquele que postou um pensamento iluminado o coloque em prática. E que esse impulso vença a barreira do esquecimento, porque no Facebook alguns minutos podem ser o tempo que essa mensagem apareça na tela.

Pode ser que você concorde comigo e, se assim for, pense na sua vida. Qual a sua colaboração? Porque viver apenas para realizar os pequenos atos diários de conquista da individualidade, da auto-suficiência é uma passo importante da vida, mas não deveria ser o único objetivo das pessoas. Todos temos que nos desenvolver na profissão, cuidar da família, da cidade onde moramos, mas... e depois o que vem? Os desejos nunca vão terminar, sempre almejaremos algo mais para preencher o vazio existencial que nos acompanha.

Fica a minha indagação: O que podemos fazer de melhor para o nosso mundo? Para preencher de verdade o coração?

 

por Maria Silvia Orlovas - morlovas@terra.com.br
Maria Silvia Orlovas é uma forte sensitiva que possui um dom muito especial de ver as vidas passadas das pessoas à sua volta e receber orientações dos seus mentores.
E-mail: morlovas@terra.com.br

Corumbá

Branco, honesto, contribuinte, eleitor, hetero... Pra quê ?

Enviado por: Ives Gandra da Silva Martins*

Hoje, tenho eu a impressão de que o "cidadão comum e branco" é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se autodeclarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.

Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior.

Os índios, que, pela Constituição (art. 231), só deveriam ter direito às terras que ocupassem em 5 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado. Menos de meio milhão de índios brasileiros - não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios que pretendem ser beneficiados também - passaram a ser donos de 15% do território nacional, enquanto os outros 185 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% dele. Nessa exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não-índios foram discriminados.

Aos 'quilombolas', que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito.

Os homossexuais obtiveram do Presidente Lula e da Ministra Dilma Rousseff o direito de terem um congresso financiado por dinheiro público, para realçar as suas tendências - algo que um cidadão comum jamais conseguiria!

Os invasores de terras, que violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que o governo considera, mais que legítima, meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem esse 'privilégio', porque cumpre a lei.

Desertores, assaltantes de bancos e assassinos, que, no passado, participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de 4 bilhões de reais o que é retirado dos pagadores de tributos para 'ressarcir' aqueles que resolveram pegar em armas contra o governo militar ou se disseram perseguidos.

E são tantas as discriminações, que é de perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema?

Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios.

( * Ives Gandra da Silva Martins é renomado professor emérito das universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo ) .

INCISO IV DO Art. 3º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL A QUE SE REFERE O DR. IVES GRANDA, NA ÍNTEGRA:

"promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação."

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)

Corumbá