sábado, 28 de novembro de 2009

O mico de Honduras

Publicamos, nesse momento em que o povo hondurenho escolhe seu novo presidente e tenta assim resolver seus problemas internos que se arrastam há meses por intromissão de interesses alienígenas ao País, artigo enviado pelo jornalista Ruy Fabiano:
artigo

Neste domingo, Honduras elege seu novo presidente da República.

Dada a pouca expressão geopolítica do país, o acontecimento não mereceria mais que um registro de pé de página nos jornais brasileiros.

O tema, porém, adquiriu dimensão insuspeitada, dada a intervenção que o Brasil, de maneira inédita e insólita, protagoniza na política interna daquele país.

Congresso e Suprema Corte de Honduras depuseram Manuel Zelaya em junho passado, por tentativa, proibida expressamente em cláusula pétrea da Constituição do país, de tentar a reeleição.

Assumiu o presidente do Congresso, Roberto Micheletti.

O cumprimento do rito constitucional pôs em cena um estardalhaço, deflagrado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que envolveu a diplomacia brasileira, a OEA, a ONU e os Estados Unidos.

Foi uma grita geral: Honduras havia sido vítima de um clássico golpe de Estado latino-americano, intolerável dos dias de hoje.

Houve votos de reprovação em todas as instâncias multilaterais e Chávez ameaçou invadir o país.

O Brasil, por sua vez, ameaçou Honduras de sanções e findou por acolher, na embaixada de Tegucigalpa, o deposto Zelaya, sem lhe conferir qualquer status diplomático.

Ninguém, porém, parece ter tomado a providência elementar: ler o artigo 239 da Constituição de Honduras, que determina que "o cidadão que tenha desempenhado a titularidade do Poder Executivo não poderá ser Presidente ou Designado.

Aquele que ofender esta disposição ou propuser sua reforma, bem como aqueles que a apóiem direta ou indiretamente, terão cessados de imediato o desempenho de seus respectivos cargos e ficarão inabilitados por dez anos para o exercício de toda função pública".

Sendo cláusula pétrea, o dispositivo não pode sequer ser submetido a reforma. Só uma Constituinte pode mudá-lo.

Aos poucos, a comunidade internacional, diante do óbvio – não houve golpe, mas estrito cumprimento da Constituição -, começou a recuar.

Os Estados Unidos já avisaram que vão reconhecer o presidente que vier a ser eleito amanhã. A ONU não mais se pronunciou. Idem a OEA.

Mesmo Hugo Chávez evita o assunto. Restou o mico diplomático nas mãos do Brasil.

Zelaya continua hóspede da embaixada brasileira, sem que se saiba o seu destino a partir de segunda-feira, sobretudo se o candidato do partido de Micheletti, Porfírio Pepe Lobo, do Partido Nacional, favorito nas pesquisas, vencer.

Na quarta-feira, ainda sob o impacto da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, Lula recebeu correspondência de Obama, que, entre outros assuntos, tratava de Honduras.

O presidente norte-americano, em termos que não foram divulgados, dava ciência a seu colega da determinação dos Estados Unidos de reconhecer o presidente que emergir das urnas de domingo.

O assessor de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, vazou o conteúdo da carta e reagiu, dizendo que há nela “um certo sabor de decepção”.

O representante do Brasil na OEA, Ruy Casaes, foi mais longe: chamou Micheletti, presidente interino de Honduras, de “palhaço”. E abominou a decisão de Obama.

Em síntese, o protagonismo brasileiro no episódio, empurrado pelo discurso chavista, além de contrariar toda a tradição não-intervencionista do Itamaraty em seara alheia, resultou num fiasco que recomenda silêncio e reflexão.

Em vez disso, no entanto, o Itamaraty insiste em seu proselitismo, afirmando que não reconhecerá o futuro governo hondurenho e que ele e Zelaya estão com a razão – exatamente a matéria-prima que esteve ausente em todo o episódio.

Ruy Fabiano

Corumbá

Por quê?

Por que ainda tem tanta gente mal educada no mundo, posto que a educação, formal, informal e casual, está cada dia mais acessível por conta de todas as mídias que praticamente qualquer um pode acessar?

Por que os mais mal educados são justamente os que têm mais acessos e possibilidades?

Por que essa gente continua gritando seus assuntos pessoais, íntimos, em elevadores, escadas rolantes, corredores, coletivos, como se seus celulares fossem a única coisa existente no mundo?

Por que todo mundo checa o tempo todo se tem mensagem no celular/smartphone, mesmo quando você está bem ali na frente, tentando passar uma mensagem ao vivo?

Por que as pessoas atendem o telefone para dizer que não podem falar?

Por que 99,9% dos SUV, esses carrões gigantescos que bebem hectolitros de combustível e ocupam um lugar absurdo no trânsito, estão sempre com apenas um ocupante? Em geral mulheres falando ao celular?

Por que metade das pessoas que participaram de enquete no site do Senado Federal disseram que são contra um projeto de lei que prevê punição a quem discrimina homossexuais?

Por que livro custa tão caro no Brasil? Por que o novo best seller de Dan Brown "O Símbolo Perdido" custa R$ 40 (US$ 22) aqui e US$ 12 lá?

Por que o sistema de som do shopping avisa a toda hora que as vagas de estacionamento destinadas a deficientes físicos são destinadas a deficientes físicos?

Por que tanta gente continua tendo problema com telefone para pagar, transferir, cancelar, reclamar é preciso ficar horas falando com alguém que não resolve nada?

Por que o Rio de Janeiro voltou no tempo e está hoje como na marchinha do Carnaval de 1954: Rio de Janeiro/ cidade que nos seduz/ de dia falta água/ de noite falta luz"?

Por que São Paulo para no tempo e ainda permite que que calçadas da cracolândia continuem tomadas por centenas de detritos humanos largados como panos sujos, apodrecendo em vida?

Por que tucano não é capaz de enxergar alguma coisa positivo no governo Lula, assim como petista é incapaz de enxergar alguma coisa positiva nos dois mandatos de FHC?

Por que o policial mineiro matou com 12 (doze) tiros o rapaz enlouquecido por causa do crack?

Aliás, por que tem tanta gente louca, ou com distúrbios psicológicos e de comportamento, zanzando pelas ruas das grandes cidades?

Por que não escrever sobre temas mais agradáveis num sabadão de quase dezembro?

 
baseado em texto de Luiz Carvesan

E-mail: caversan@uol.com.br

Corumbá

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Ahmadinejad e Lula

Por causa de todas as barbaridades defendidas pelo Presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, a visita deste ao Brasil foi atacada por todos os lados. Pessoas de diferentes ideologias afirmam que é um absurdo que nosso País tenha recebido, com pompa e circunstância, um homem que nega o Holocausto, entre outras coisas.

Muitos comentários a respeito do caso dão conta de que se trata de mais uma desventura da política externa brasileira. Estes somam a visita de Ahmadinejad a uma lista que conta com a conivência com relação às FARCs, o apoio a Hugo Chávez, o recebimento de Zelaya na embaixada brasileira em Honduras e a defesa de Cesare Battisti (quanta loucura!).

Pois bem. Acontece que a visita do Presidente iraniano torna necessário que se tenha muito mais maturidade do que a suficiente para analisar os casos de Zelaya, Battisti, etc, com precisão.

Por quê? Perguntarão alguns. Respondo: Porque as relações com as FARCs, com Chávez, com Zelaya e com Battisti têm uma visão fortemente ideológica. A visita de Ahmadinejad tem visão econômica.

Quando cito a maturidade quero dizer que é preciso deixar o asco nutrido por Ahmadinejad de lado por alguns instantes e analisar friamente o que a visita do iraniano representa. Sei que não é fácil, mas vamos tentar por uns momentos.

É fato que as declarações de Ahmadinejad são absurdas? Sim, é. É impossível respeitar alguém que diz que o Holocausto não existiu e que em seu país não existem homossexuais? Com certeza.

Contudo, a questão não é essa. O ponto crucial a ser analisado é: Receber Ahmadinejad em seu País respalda as declarações deste Presidente e as suas teses abomináveis?

Quem critica Ahmadinejad e responde à minha pergunta com um sim reforça sua crítica. Mas é possível criticar Ahmadinejad e responder à minha pergunta com um não, o que não enfraquece a crítica ao líder iraniano.

O quero dizer é que, dependendo de como é gerenciada, uma visita de um líder estrangeiro condenável não representa defesa de seus valores. Justamente por ser econômica e diplomática, e não ideológica. É preciso que se tenha a noção de que esse ângulo analítico é plausível.

O que Ahmadinejad defende é em grande parte absurdo, com certeza. Mas o Presidente Lula não declarou nada que reforçasse os absurdos, ao contrário, alfinetou um deles, quando afirmou que o programa nuclear deve ser utilizado para fins pacíficos.

Nesse momento surgirá o comentário: Ora, mas Ahmadinejad foi eleito em um pleito fraudado e recebê-lo como líder iraniano legitima as eleições!

Isso é uma verdade. Inquestionável. Daí a dizer que isso reforça as teses de Ahmadinejad são outros quinhentos. Até porque a realidade é a de que Mahmoud é, infelizmente, o Presidente do Irã, doa a quem doer. E o Brasil não romperá relações com o Irã por conta disso.

Alguns poderão dizer: Ora, mas deveria romper!

Deveria? Será mesmo? Quando o Brasil era uma ditadura, que defendia um regime autoritário que fazia, mandava e desmandava, seria correto que rompessem com o Brasil? Talvez no que tange os princípios sim. Mas na prática não, porque isso não nos ajudaria em nada, ao contrário.

Em suma, o Brasil não passa a defender o que defende o Irã por se colocar como seu interlocutor. Ahmadinejad é abominável, mas recebê-lo ou não no Brasil é irrelevante quanto a isso.

Por outro lado, para a política externa brasileira, é sinal de crescimento receber em menos de um mês o líder israelense e o líder iraniano. Quando Bill Clinton recebeu tanto israelenses como palestinos em Camp David foi elogiado. Se os EUA recebessem Kim Jong Il para um diálogo estariam defendendo o regime esquizofrênico da Coreia do Norte?

E tudo isso que digo tem a explicação que é citada por mim no início: A relação é econômica e diplomática, e não ideológica.

Por isso é preciso maturidade. Por isso a crítica ao relacionamento com Chávez e com Zelaya não é a mesma que diz respeito a Ahmadinejad.

Com Chávez e Zelaya a relação do governo é ideológica. Há apoio das ações e dos ideais. A mesma coisa vale para a defesa de Battisti. O governo brasileiro atual é criticável nestes casos porque demonstra claramente apoiar o pensamento, ao invés de apenas estar se relacionando com a devida distância.

Com Ahmadinejad há mera conexão com a nação do Irã, que não pode ser extirpada de nossas relações por ser liderada por um idiota. Até porque, se assim fosse, em diversos momentos da história romperiam relações com o Brasil. Alguns diriam que isso valeria até mesmo para hoje.

Enfim, o encontro de Lula e Ahmadinejad é um caso para se pensar. Profundamente. A crítica superficial deve ser deixada de lado. O ponto principal é saber se receber o iraniano é, necessariamente, defender suas teses.

Talvez não seja.

É até complicado para mim levantar essa questão. Eu mesmo tenho certas reticências morais contra qualquer relação com Ahmadinejad.

Acontece que em certos casos é preciso, respeitados todos os princípios éticos, olhar além do óbvio.

Corumbá

baseado em texto do Perspectiva Política

 

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Carta de Gilberto Geraldo Garbi para Lula.

Por oportuno, publico esta carta.

Gilberto Geraldo Garbi foi um dos alunos classificados a seu tempo como UM DOS MELHORES ALUNOS DE MATEMÁTICA que já haviam adentrado o ITA, entre outras honrarias que recebeu daquela instituição.
Depois de graduado, desenvolveu carreira na TELEPAR, onde chegou a Diretor Técnico e Diretor Presidente, sendo depois Presidente da TELEBRAS.

Como nosso presidente, Senhor Lula, já afirmou várias vezes que não gosta de ler porque lhe dá azia, vamos torcer para que muita gente leia, que conte para mais muita gente, que comente com mais gente e que acabe chegando aos ouvidos do endereçado. E que mais gente fique entendendo. Faço votos. Com a palavra, Gilberto Geraldo Garbi:

 
Há poucos dias, a imprensa anunciou amplamente que, segundo as últimas pesquisas de opinião, Lula bateu de novo seus recordes anteriores de popularidade e chegou a 84% de avaliação positiva. É, realmente, algo "nunca antes visto nesse país" e eu fiquei me perguntando o que poderemos esperar das próximas consultas populares.

Lembro-me de que quando Lula chegou aos 70% achei que ele jamais bateria Hitler, a quem, em seu auge, a cultíssima Alemanha chegara a conceder 82% de aprovação.

Mas eu estava enganado: nosso operário-presidente já deixou para trás o psicopata de bigodinho e hoje só deve estar perdendo para Fidel Castro e para aquele tiranete caricato da Coreia do Norte, cujo nome jamais me interessei em guardar. Mas Lula tem uma vantagem sobre os dois ditadores: aqui as pesquisas refletem verdadeiramente o que o povo pensa, enquanto em Cuba e na Coreia do Norte as pesquisas de opinião lembram o que se dizia dos plebiscitos portugueses durante a ditadura lusitana: SIM, Salazar fica; NÃO, Salazar não sai; brancos e nulos sendo contados a favor do governo...(Quem nunca ouviu falar em Salazar, por favor, pergunte a um parente com mais de 60).

Portanto, a popularidade de Lula ainda "tem espaço" para crescer, para empregar essa expressão surrada e pedante, mas adorada pelos economistas. E faltam apenas cerca de 16% para que Lula possa, com suas habituais presunção e imodéstia, anunciar ao mundo que obteve a unanimidade dos brasileiros em torno de seu nome, superando até Jesus Cristo ou outras celebridades menores que jamais conseguiram livrar-se de alguma oposição...

Sim, faltam apenas 16% mas eu tenho uma péssima notícia a dar a seu hipertrofiado ego: pode tirar o cavalinho da chuva, cumpanhero, porque de 99,9999995% você não passa.

Como você não é muito chegado em Aritmética, exceto nos cálculos rudimentares dos percentuais sobre os orçamentos dos ministérios que você entrega aos partidos que constituem sua base de sustentação no Congresso, explico melhor: o Brasil tem 200.000.000 de habitantes, um dos quais sou eu. Represento, portanto, 1 em 200.000.000, ou seja, 0,0000005% enquanto os demais brasileiros totalizam os restantes 99,9999995%. Esses, talvez, você possa conquistar, em todo ou em parte.

Mas meus humildes 0,0000005% você jamais terá porque não há força neste ou em outros mundos, nem todo o dinheiro com que você tem comprado votos e apoios nos aterros sanitários da política brasileira, não há, repito, força capaz de mudar minha convicção de que você foi o pior dentre todos os presidentes que tive a infelicidade de ver comandando o Brasil em meus 65 anos de vida.

E minha convicção fundamenta-se em um fato simples: desde minha adolescência, quando comecei a me dar conta das desgraças brasileiras e a identificar suas causas, convenci-me de que na raiz de tudo está a mentalidade dominante no Brasil, essa mentalidade dos que valorizam a esperteza e o sucesso a qualquer custo; dos que detestam o trabalho e o estudo; dos que buscam o acesso ao patrimônio público para proveito pessoal; dos que almejam os cabides de emprego, as sinecuras e os cargos fantasmas; dos que criam infindáveis dinastias nepotistas nos órgãos públicos; dos que desprezam a justiça desde que a injustiça lhes seja vantajosa; dos que só reclamam dos privilégios por não estar incluídos entre os privilegiados; dos que enriquecem através dos negócios sujos com o Estado; dos que vendem seus votos por uma camiseta, um sanduíche ou, como agora, uma bolsa família; dos que são de tal forma ignorantes e alienados que se deixam iludir pelas prostitutas da política e beijam-lhes as mãos por receber de volta algumas migalhas do muito que lhes vem sendo roubado desde as origens dos tempos; dos que são incapazes de discernir, comover-se e indignar-se diante de infâmias.

Antes e depois de mim, muitos outros brasileiros, incomparavelmente melhores e mais lúcidos, chegaram à mesma conclusão e, embora sejamos minoria, sinto-me feliz e honrado por estar ao lado de Rui Barbosa. Já ouviu falar nele? Como você nunca lê, eu quase iria sugerir-lhe que pedisse a algum de seus incontáveis assessores que lhe falasse alguma coisa sobre a Oração aos Moços... Mas, esqueça... Se você souber o que ele, em 1922, disse de políticos como você e dos que fazem parte de sua base de sustentação, terá azia até o final da vida.

Pense a maioria o que quiser, diga a maioria o que disser, não mudarei minha convicção de que este País só deixará de ser o que é - uma terra onde as riquezas produzidas pelo suor da parte honesta e trabalhadora são saqueadas pelos parasitas do Estado e pelos ladrões privados eternamente impunes - quando a mentalidade da população e de seus representantes for profundamente mudada.

Mudada pela educação, pela perseverança, pela punição aos maus, pela recompensa aos bons, pelo exemplo dos governantes.

E você Lula, teve uma oportunidade única de dar início à mudança dessa mentalidade, embalado que estava com uma vitória popular que poderia fazer com que o Congresso se curvasse diante de sua autoridade moral, se você a tivesse.

Você teve a oportunidade de tornar-se nossa tão esperada âncora moral, esta sim, nunca antes vista nesse País.


Mas não, você preferiu o caminho mais fácil e batido das práticas populistas e coronelistas de sempre, da compra de tudo e de todos.
Infelizmente para o Brasil, mas felizmente para os objetivos pessoais seus e de seu grupo, você estava certo: para que se esforçar, escorado apenas em princípios de decência, se muito mais rápido e eficiente é comprar o que for necessário, nessa terra onde quase tudo está à venda?

Eu não o considero inteligente, no nobre sentido da palavra, porque uma pessoa verdadeiramente inteligente, depois de chegar aonde você chegou, partindo de onde você partiu, não chafurdaria nesse lamaçal em que você e sua malta alegremente surfam, nem se entregaria a seu permanente êxtase de vaidade e autoidolatria.
Mas reconheço em você uma esperteza excepcional: nunca antes nesse País um presidente explorou tão bem, em proveito próprio e de seu bando, as piores qualidades da massa brasileira e de seus representantes.

Esse é seu legado maior, e de longa duração: o de haver escancarado a lúgubre realidade de que o Brasil continua o mesmo que Darwin encontrou quando passou por essas plagas em 1832 e anotou em seu diário: "Aqui todos são subornáveis".

Você destruiu as ilusões de quem achava que havíamos evoluído em nossa mentalidade e matou as esperanças dos que ainda acreditavam poder ver um Brasil decente antes de morrer.
Você não inventou a corrupção brasileira, mas fez dela um maquiavélico instrumento de poder, tornando-a generalizada e fazendo-a permear até os últimos níveis da Administração.
O Brasil, sob você, vive um quadro que em medicina se chamaria de septicemia corruptiva.
Peça ao Marco Aurélio para lhe explicar o que é isso.

Você é o sonho de consumo da banda podre desse País, o exemplo que os funcionários corruptos do Brasil sempre esperaram para poder dar, sem temores, plena vazão a seus instintos.
Você faz da mentira e da demagogia seu principal veículo de comunicação com a massa.

A propósito, o que é que você sente, todos os dias, ao olhar-se no espelho e lembrar-se do que diz nos palanques? Você sente orgulho em subestimar a inteligência da maioria e ver que vale a pena?

Você mentiu quando disse haver recebido como herança maldita a política econômica de seu antecessor, a mesma política que você manteve integralmente e que fez a economia brasileira prosperar. Você mentiu ao dizer que não sabia do Mensalão Mentiu quando disse que seu filho enriqueceu através do trabalho. Mentiu sobre os milhões que a Ong 13, de sua filha, recebeu sem prestar contas. Mentiu ao afastar Dirceu, Palocci, Gushiken e outros cumpanheros pegos em flagrante

Mente quando, para cada platéia, fala coisas diferentes, escolhidas sob medida para agradá-las
Mentiu, mente e mentirá em qualquer situação que lhe convenha.

Por falar em Ongs, você comprou a esquerda festiva, aquela que odeia o trabalho e vive do trabalho de outros, dando-lhe bilhões de reais através de ONGs que nada fazem, a não ser refestelar-se em dinheiro público, viajar, acampar, discursar contra os exploradores do povo e desperdiçar os recursos que tanta falta fazem aos hospitais. Você não moveu uma palha, em seis anos de presidência, para modificar as leis odiosas que protegem criminosos de todos os tipos neste País sedento de Justiça e encharcado pelas lágrimas dos familiares de tantas vítimas.

Jamais sua base no Congresso preocupou-se em fechar ao menos as mais gritantes brechas legais pelas quais os criminosos endinheirados conseguem sempre permanecer impunes, rindo-se de todos nós.
Ao contrário, o Supremo, onde você tem grande influência, por haver indicado um bom número de Ministros, acaba de julgar que mesmo os condenados em segunda instância podem permanecer em liberdade, até que todas as apelações, recursos e embargos sejam julgados, o que, no Brasil, leva décadas.
Isso significa, em poucas palavras, que os criminosos com dinheiro suficiente para pagar os famosos e caros criminalistas brasileiros podem dormir sossegados, porque jamais irão para a cadeia.

Estivesse o Supremo julgando algo que interessasse a seu grupo ou a suas inclinações ideológicas, certamente você teria se empenhado de corpo e alma.
Aliás, Lula, você nunca teve ideais, apenas ambições.
Você jamais foi inspirado por qualquer anseio de Justiça. Todas as suas ações, ao longo da vida, foram motivadas por rancores, invejas, sede pessoal de poder e irrefreável necessidade de ser adorado e ter seu ego adulado.

Seu desprezo por aquilo que as pessoas honradas consideram Justiça manifesta-se o tempo todo: quando você celeremente despachou para Cuba alguns pobres desertores que aqui buscavam a liberdade; quando você deu asilo a assassinos terroristas da esquerda radical; quando você se aliou à escória do Congresso, aquela mesma contra quem você vociferava no passado; quando concedeu aumentos nababescos a categorias de funcionários públicos já regiamente pagos, às custas dos impostos arrancados do couro de quem trabalha arduamente e ganha pouco; quando você aumentou abusivamente as despesas de custeio, sabendo que pouquíssimo da arrecadação sobraria para os investimentos de que tanto carece a população; quando você despreza o mérito e privilegia o compadrio e o populismo; e vai por aí... Justiça, ora a Justiça, é o que você pensa...

Você tem dividido a nação, jogando regiões contra regiões, classes contra classes e raças contra raças, para tirar proveito das desavenças que fomenta.
Aliás, se você estivesse realmente interessado, como deveria, em dar aos pobres, negros e outros excluídos as mesmas oportunidades que têm os filhos dos ricos, teria se empenhado a fundo na melhoria da saúde e do ensino públicos...

Mas você, no íntimo, despreza o ensino, a educação e a cultura, porque conseguiu tudo o que queria, mesmo sendo inculto e vulgar. Além disso, melhorar a educação toma um tempo enorme e dá muito trabalho, não é mesmo?

E se há coisa que você e o Partido dos Trabalhadores definitivamente detestam é o trabalho: então, muito mais fácil é o atalho das cotas, mesmo que elas criem hostilidades entres as cores, que seus critérios sejam burlados o tempo todo e que filhos de negros milionários possam valer-se delas.

A Imprensa faz-lhe pouca oposição porque você a calou, manipulando as verbas publicitárias, pressionando-a economicamente e perseguindo jornalistas. O que houve entre o BNDES e as redes de televisão? O que você mandou fazer a Arnaldo Jabor, a Boris Casoy, a Salete Lemos?

Essa técnica de comprar ou perseguir é muito eficaz. Pablo Escobar usou-a com muito sucesso na Colômbia, quando dava a seus eventuais opositores as opções: "O plata, o plomo". Peça ao Marco Aurélio para traduzir. Ele fala bem o Espanhol.

Você pode desdenhar tudo aquilo que aqui foi dito, como desdenha a todos que não o bajulem. Afinal, se você não é o maior estadista do planeta, se seu governo não é maravilhoso, como explicar tamanha popularidade?
É fácil: políticos, sindicatos, imprensa, ONGs, movimentos sociais, funcionários públicos, miseráveis, você comprou com dinheiro, bolsas, cotas, cargos e medidas demagógicas.
Muita gente que trabalha, mas desconhece o que se passa nas entranhas de seu governo, satisfez-se com o pouco mais de dinheiro que passou a ganhar, em consequência do modesto crescimento econômico que foi plantado anteriormente, mas que caiu em seu colo.

Tudo, então, pode se resumir ao dinheiro e grande parte da população parece estar disposta a ignorar os princípios da honradez e da honestidade e a relevar as mentiras, a corrupção, os desperdícios, os abusos e as injustiças que marcam seu governo em troca do prato de lentilhas da melhoria econômica.

É esse, em síntese, o triste retrato do Brasil de hoje... E, como se diz na França, "l´argent n´est tout que dans les siècles où les hommes ne sont rien".
Você não entendeu, não é mesmo? Então pergunte à Marta. Ela adora Paris e há um bom tempo estamos sustentando seu gigolô franco-argentino...


Gilberto Geraldo Garbi

Fonte:
http://www.grupos.com.br/group/alunosadvogados/Messages.html?action=message&id=1246553176852087&year=09&month=7
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OBS:
Dr. Gilberto Geraldo Garbi é engenheiro e empresário
E-mail: ggarbi@terra.com.br

Corumbá