terça-feira, 6 de abril de 2010

Os preços de um erro diplomático

O presidente Lula se prepara para sua vista ao Irã com o objetivo de firmar parcerias comerciais e na área nuclear com o país dos Aiatolás. Navegando a pleno vapor contra a maré mundial, o Brasil está para entrar no seleto grupo de nações atingidas pelas sanções do Conselho de Segurança da ONU.

No exato momento em que nosso governo estreita seus laços com o Irã e oferece cooperação para um programa nuclear carregado de nebulosidade e suspeitas, até aliados históricos dos iranianos ficam com “um pé atrás” em relação ao país e rumam na direção da formalização de sanções contra a nação islâmica.

Se isso realmente ocorrer, o Brasil terá o mesmo êxito que obteve ao apoiar Zelaya e participar de um dos maiores vexames que a diplomacia brasileira já protagonizou. Será deixado “falando sozinho” e terá de recuar de suas posições, humilhado e acuado, para não sofrer o mesmo destino de seu novo e polêmico amigo.

Se insistir em seu apoio ou fornecer “por baixo dos panos” tecnologia ou qualquer tipo de assistência ao Irã, nosso “País do futuro” será apresentado à cruel realidade de tornar-se um pária frente à comunidade internacional.

É claro que ninguém espera que o Itamaraty vá “pagar o preço” por manter uma aliança com o Irã, no caso da aprovação das sanções. No entanto, isso mostra como é equivocada a ideia de “aceitar de peito aberto” a palavra de determinados governos que primam pela nebulosidade e pela repressão férrea a seu próprio povo e a qualquer informação.

Quando os aliados de primeira hora do Irã e “inimigos” de sempre das posições americanas se unem aos EUA (Rússia e China) para tentar dar um fim nas pretensões iranianas no campo nuclear, é porque algo muito “estranho” está mesmo acontecendo por lá.

Basta uma pequena olhada nas atitudes do governo iraniano para que um alarme soe na cabeça de qualquer simpatizante: a descoberta de instalações secretas (não relacionadas para os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica), a criação de usinas no interior de montanhas, o desenvolvimento (cada vez mais intenso) de mísseis de longo alcance e a presença (cada vez mais incisiva) de elementos da Guarda Revolucionária na tomada de decisões e controle das ações internas e externas do governo iraniano.

Além de correr o risco de se ver apanhado no meio do tiroteio das sanções, o recuo diplomático (promovido à força) sempre causa um certo “gosto de cabo de guarda-chuva” na “boca” de qualquer nação.

É muito mais importante analisar o que o Brasil teria a ganhar com a venda de urânio e de tecnologia ao Irã, nesse momento, além de pesar as péssimas experiências que já tivemos ao negociar com países da região (Iraque e Arábia Saudita).

Na época, o Brasil era o terceiro maior produtor mundial de tecnologia militar e tinha produtos invejados  e temidos (até pelos EUA) como o lançador de mísseis Astros II (visto como arma perigosíssima pelos americanos durante a Primeira Guerra do Golfo e na Guerra Irã – Iraque).

Ao “negociarmos” esses produtos por lá, o resultado foi um enorme calote e a negativa de aval para financiamentos prometidos que levaram a nossa indústria bélica à falência e à extinção em matéria de poderio e de negócios internacionais.

Cuidar para que a história não se repita, agora com reflexos ainda mais graves, é o que se espera do Itamaraty e do governo brasileiro. Muito mais do que simpatias ideológicas, o Brasil deve sempre primar por seus interesses como nação e pesar se o relacionamento com esse ou outro País nos trará reais benefícios ou meramente dores de cabeça.

baseado em texto de Arthurius Maximus

Corumbá

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça aqui seu comentário a sobre a mensagem ou o Blog. Por uma questão de respeito mútuo, evite palavras ofensivas ou de baixo calão. Reservamo-no o direito de vetar comentários em desacordo com esta instrução. Grato.