segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Estado e o Povo

Assisti hoje de manhã na televisão, o jornal local de uma emissora, tratar do retorno da greve dos médicos e atendentes da saúde do Estado e o atendimento e a remarcação das consultas.

Em um dado momento, a repórter entrevistou o Diretor do Hospital da Restauração (HR) o maior Hospital Público do Estado de Pernambuco.

As palavras desse cidadão que suponho ser médico, Diretor de um hospital público, portanto, membro ativo do Governo do Estado, me chamaram a atenção tanto pela insensibilidade quanto pela dicotomia entre o que o Estado propaga que faz e o que realmente ele faz. Há alguma coisa errada nisso tudo! Não é possível que um membro do governo (qualquer governo) trate com tamanha falta de responsabilidade e com tamanho desprezo as necessidades do povo humilde que dele depende!

Durante vários dias o hospital ficou fechado, as consultas não foram atendidas e a população sofreu sem atendimento enquanto a classe da “saúde” reivindicava “melhores condições de trabalho”. O povo, humilde, doente (pois quem marca consulta não está bem de saúde) muitas vezes vindo do interior, de madrugada, só Deus sabe em que condições, pede somente “melhores condições de saúde”. Mas não é atendido e tem que retornar, doente e sem tratamento, para sua casa. Não é justo!

Agora, hoje de manhã, com o fim da greve, várias pessoas se aglomeravam em frente ao hospital para “remarcar” a consulta. Como remarcar? Por que remarcar? Isso deveria ser feito automaticamente para evitar que o doente tenha que ir ao HR (inclusive do interior) só para "marcar a consulta” e voltar para casa sem ser atendido. Isso não é humano!

E sabe o que aconteceu hoje de manhã? Não foram atendidos pois, segundo o citado diretor, “como foi amplamente divulgado, a remarcação só terá início amanhã”. Todos voltam para suas casas, doentes, sem atendimento para voltarem amanhã para “remarcar a consulta”. Falta amor e consideração numa atitude dessas!

A repórter pergunta sobre a marcação de novas consultas e o imponente diretor responde, “só a partir de 1° de setembro”.

Fico sem palavras para descrever o estado em que me sinto ao ver um representante público, médico, humano, tratar dessa forma um semelhante seu, carente, necessitado de socorro, doente e que tem que “remarcar” uma consulta que não foi feita porque o médico estava “reivindicando melhores condições de trabalho”. Quantas dessas pessoas, doentes, sobreviveram e sobreviverão às suas doenças e a esse descaso para serem atendidos nessa nova consulta? Isso não faz diferença para esse senhor? E o governo que ele representa, o que pensa desses doentes? O que dirá aos seus parentes quando, agravados pela falta de atendimento, o doente falecer? Isso é ser social?

Só uma palavra descreve isso, desrespeito! Desrespeito ao homem, desrespeito à sociedade, desrespeito à profissão, desrespeito a si mesmo e a seu ideal de vida, desrespeito a Deus. Ninguém pode estar tranquilo consigo mesmo quando tanta gente sofre por causa de suas ações. Eu não acredito que uma pessoa dessas tenha a consciência tranquila e durma em Paz.

Não é justo!

Corumbá

2 comentários:

  1. Teve um político honesto que foi o único, nesse meus 57 anos, que teve a coragem de dizer o que eles pensam do povo. Não me lembro seu nome mas ele disse:"ESTOU POUCO ME LIXANDO PARA O POVO" e isso é o que todos pensam.

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  2. Mas é assim mesmo...
    Quando há queda de braço corporativista, seja qual for, será sempre em detrimento do interesse público, joguete que é dos interesses sectários. Não interessa se vai haver mortes, sofrimentos atrozes, dores lancinantes... Nada! Os detectores de sensibilidade estão atrofiados pelo dia a dia e pelo egoísmo. Nada sensibiliza que não seja os interesses atendidos.

    Evidentemente, há de se reconhecer a tarefa hercúlea que é a medicina pública, notadamente a de emergência. O grau de profissionalismo mesclado com improvisação exigido dos profissionais de saúde é também exagerado, porém eles têm escolha e os pacientes não.
    Lamentável e revoltante!
    Edmilson

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