sábado, 9 de junho de 2012

Lula divide, ultrapassa e não teme militância do PT

Enviado por Ricardo Noblat - 09.06.2012


Faltou ao menos um elemento nos cálculos feitos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para executar seu plano de interferir diretamente nas articulações para o lançamento de candidatos a prefeito em São Paulo e Recife: a militância do PT, que começa a enfrentá-lo.

Em diferentes pontos do Brasil, de São Paulo a Recife, mas passando por Porto Alegre e Belo Horizonte, os petistas que fazem o dia a dia das bases da legenda vão mostrando, cada um ao seu modo, que os ditames de Lula não estão combinando em nada com o que realmente eles desejam.

Em rede nacional, a imagem de um cartaz com os dizeres "Lula, você não manda em Recife", marcou o comício de desagravo ao prefeito João da Costa, na quinta-feira 7, que reuniu milhares de pessoas no aeroporto da capital pernambucana.

Com este tipo de apoio, Costa anunciou a entrada no Diretório Nacional do partido com um protesto contra a imposição, pilotada por Lula, da candidatura do senador Humberto Costa em lugar da sua, no Diretório Municipal.

Em silêncio, mas na prática absolutamente alheia à candidatura de Fernando Haddad, a militância do partido na maior cidade do País também vai se recusando a comprar o nome imposto por Lula. Até aqui, nenhuma grande manifestação pública a favor dele ocorreu.

Em Belo Horizonte, o quadro é de divisão total: o partido fará no domingo 10 um encontro para escolher um candidato a vice-prefeito, na chapa de Marcio Lacerda, do PSB, entre nada menos que sete pré-candidatos.

Antes, a legenda já enfrentara uma primeira divisão, ao barrar a candidatura do atual vice Roberto Carvalho ao cargo de prefeito, por 6 votos contra 4 no Diretório Municipal. Nessa hora, Lula preferiu não se meter.

Em Porto Alegre, a deputada Manuela D´Ávila, do PC do B, ficou a ver navios em lugar da prometida, pelo governador Tarso Genro, aliança com o PT. "Aqui, até o último momento, insistimos na unidade", disse ela, que considera legítima a candidatura do petista Adão Villaverde.

Não se viu para a capital dos pampas nenhuma mensagem de Lula para balizar as opiniões.

Jogando com mão pesada, nos casos de Recife e São Paulo, ou excluindo-se do processo, como acontece em Belo Horizonte e Porto Alegre, Lula trabalha como se militância não houvesse – e, neste sentido, a ausência de inclusão desse elemento em seus cálculos políticos não é sem querer, mas proposital.

O que Lula está fazendo é asfaltando, a seu modo, a aliança com o PSB do governador Eduardo Campos, hoje o maior pauteiro das ações do PT. Em gratidão ao racha promovido em Recife, Lula antevê Campos como vice em sua possível chapa como candidato a presidente em 2014.

O ex-presidente sempre acreditou ser, pessoalmente, maior que a legenda do PT. Para ele, ter a militância agora contra si não faz tanta diferença assim, uma vez que, nas suas contas, essa própria militância terá de seu unir a seu favor em 2014, porque não haverá outra alternativa.

Infalível no passado, essa fórmula, a partir das possíveis derrotas de Lula e seus candidatos em 2012 - mais outro 'detalhe' chamado reeleição da presidente Dilma Rousseff -, tende a ser questionada cada vez mais fortemente.

Corumbá

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