Enviado por Josias de Souza em 24/03
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Lula voltou a exercitar nesta quarta (24) o esporte de sua predileção: tiro à imprensa. Deu-se numa solenidade que tratou do programa Territórios da Cidadania.
O presidente lamentou que a imprensa priorize a desgraça em detrimento das coisas boas. Age assim, disse ele, por “má-fé”.
Como se sabe, Lula não lê jornais. Já disse que o noticiário lhe dá “azia”. No discurso, porém, disse que corre os olhos pelas manchetes.
"Eu levanto de manhã, vejo manchetes e fico triste. Acabei de inaugurar 2.000 casas, não sai uma nota. Caiu um barraco, tem manchete...”
“...É uma predileção pela desgraça. É triste quando a pessoa tem dois olhos bons e não quer enxergar...”
É triste “...quando a pessoa tem direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada. É triste, melancólico, para um governo republicano como o nosso".
Lamentou a sorte dos estudantes que, daqui a 30 anos, tiverem de buscar nos jornais dados historiográficos sobre o governo dele.
Vão se deparar, segundo disse, com “tablóides” que não retratam a realidade. Vão estudar “mentiras” .
Algum assessor de Lula poderia mostrar a ele a carta de Thomas Jefferson (1743-1826) a Edward Warrington.
Mas Lula, além de não ser afeito à leitura, não tem assessores. Dispõe apenas de áulicos. Pena. Priva-se do raciocínio lapidar de Jefferson:
“Se dependesse de decisão minha termos um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda alternativa”.
Presidente que se queixa do noticiário é como comandante de navio que reclama da existência do mar.
Há erros no noticiário? Claro que sim. Há exageros? Evidente que sim. Porém, eu, vira-letras incorrigível, estou convencido do seguinte:
_Melhor conviver com o noticiário imperfeito do que ser privado da informação de que sob Lula, nasceu e prosperou o mensalão.
_Melhor a “má-fé” que vê os malfeitos do que a “boa fé” que enxerga biografias inatacáveis onde não há senão um Sarney.
Os jornais por vezes parecem, de fato, rascunhos do dia. Mas quem os passa a sujo não são os repórteres.
Corumbá
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