quarta-feira, 24 de março de 2010

Para Lula, imprensa privilegia a ‘desgraça’ por ‘má-fé’

Enviado por Josias de Souza em 24/03

________

Lula voltou a exercitar nesta quarta (24) o esporte de sua predileção: tiro à imprensa. Deu-se numa solenidade que tratou do programa Territórios da Cidadania.

O presidente lamentou que a imprensa priorize a desgraça em detrimento das coisas boas. Age assim, disse ele, por “má-fé”.

Como se sabe, Lula não lê jornais. Já disse que o noticiário lhe dá “azia”. No discurso, porém, disse que corre os olhos pelas manchetes.

"Eu levanto de manhã, vejo manchetes e fico triste. Acabei de inaugurar 2.000 casas, não sai uma nota. Caiu um barraco, tem manchete...”

“...É uma predileção pela desgraça. É triste quando a pessoa tem dois olhos bons e não quer enxergar...”

É triste “...quando a pessoa tem direito de escrever a coisa certa e escreve a coisa errada. É triste, melancólico, para um governo republicano como o nosso".

Lamentou a sorte dos estudantes que, daqui a 30 anos, tiverem de buscar nos jornais dados historiográficos sobre o governo dele.

Vão se deparar, segundo disse, com “tablóides” que não retratam a realidade. Vão estudar “mentiras” .

Algum assessor de Lula poderia mostrar a ele a carta de Thomas Jefferson (1743-1826) a Edward Warrington.

Mas Lula, além de não ser afeito à leitura, não tem assessores. Dispõe apenas de áulicos. Pena. Priva-se do raciocínio lapidar de Jefferson:

“Se dependesse de decisão minha termos um governo sem jornais ou jornais sem um governo, não hesitaria um momento em preferir a segunda alternativa”.

Presidente que se queixa do noticiário é como comandante de navio que reclama da existência do mar.

Há erros no noticiário? Claro que sim. Há exageros? Evidente que sim. Porém, eu, vira-letras incorrigível, estou convencido do seguinte:

_Melhor conviver com o noticiário imperfeito do que ser privado da informação de que sob Lula, nasceu e prosperou o mensalão.

_Melhor a “má-fé” que vê os malfeitos do que a “boa fé” que enxerga biografias inatacáveis onde não há senão um Sarney.

Os jornais por vezes parecem, de fato, rascunhos do dia. Mas quem os passa a sujo não são os repórteres.

Corumbá

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça aqui seu comentário a sobre a mensagem ou o Blog. Por uma questão de respeito mútuo, evite palavras ofensivas ou de baixo calão. Reservamo-no o direito de vetar comentários em desacordo com esta instrução. Grato.