sábado, 12 de dezembro de 2009

PT, Lula e o caudilhismo

Foi ao ar o programa institucional do PT. Foram dez minutos, à noite, em rede nacional. As estrelas do comercial foram, como já era de se esperar, o Presidente Lula e a Ministra Dilma Rousseff.

A comparação entre o governo Fernando Henrique Cardoso e o governo Lula deu o tom da peça publicitária. Além disso, as falas de Dilma Rousseff procuravam, obviamente, aproximá-la mais e mais do Presidente, apresentando-a como a responsável pelo PAC, pelo Minha Casa, Minha Vida, etc.

Até aí, nada demais. É natural que o governo aposte na comparação com o governo tucano passado, afinal, a atual gestão é bem avaliada, enquanto a gestão passada tem uma memória ruim junto ao eleitorado. Parte desse memória é devida, parte não é, mas isso não vem ao caso no momento.

O que importa é que Dilma e Lula trouxeram a estratégia da eleição plebiscitária para a tela da televisão, além de tentarem fazer a Ministra nadar no mar de popularidade do Presidente.

Pois bem. Acontece que não foi só isso. Em tudo na vida existem nuances, tons, modos.

O comercial do PT não apenas comparou Lula a FHC e apresentou Dilma como a continuidade de Lula. Ele também valorizou ao extremo as conquistas do governo atual, tentando passar uma imagem de que, no Brasil, antes de Lula, só havia trevas.

Isso não é verdade. Conquistas brasileiras foram consolidadas desde os tempos de D. Pedro II, até os de Itamar Franco, passando por Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e, até mesmo, José Sarney.

Obviamente, o governo Fernando Henrique também teve sua parcela de contribuição. Pequena em alguns setores, mas grandiosa na economia.

Sendo assim, é um tanto falsa a mensagem petista de que Lula trouxe a luz e de que ela se apagará se Dilma não vencer.

Em suma, entendo como natural a comparação das gestões e a dobradinha feita por Lula e Dilma na frente das câmeras. O que não concordo é com o tom messiânico utilizado em alguns momentos, como se Lula fosse um ser fora do comum.

Nunca foi, não é e dificilmente será. Assim como FHC, assim como Dilma, assim como Serra, assim como eu e você.

A defesa da eleição plebiscitária é uma jogada política inteligente, natural. É a única chance real que Lula tem de eleger Dilma: Fazendo plebiscito com o governo FHC. Mas isso só será possível se a oposição deixar, pois não é muito difícil mostrar a continuidade do governo FHC, principalmente na área econômica (a mais importante e vangloriada por Lula).

O quê de messianismo é totalmente dispensável. Não faz nada bem para as instituições e traz um cheiro detestável de caudilhismo. Não sei porque todo partido que se diz trabalhista (ou dos trabalhadores) adora um líder centralizador e autoritário.

Corumbá

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