sábado, 26 de setembro de 2009

O “dono” da Embaixada Brasileira em Honduras

Quatro dos seis candidatos a Presidente da Honduras nas eleições marcadas para novembro se reuniram na embaixada do Brasil com Manuel Zelaya. Antes, haviam se encontrado com o Presidente “de fato” Roberto Micheletti.

Os candidatos requisitaram a busca de um consenso que, pelo menos, garanta as eleições e possibilite do retorno da paz ao país. Zelaya disse que as eleições só terão legitimidade se ele retornar ao cargo.

Os questionamentos que faço são dois:

Primeiramente, como poderia Zelaya retornar ao cargo? A Constituição hondurenha prevê que qualquer um que tente se perpetuar no poder perde, automaticamente, o mandato.

Portanto, tendo Manuel Zelaya desrespeitado não só a Constituição de seu país, como também a proibição da Justiça hondurenha com relação ao plebiscito que visava permitir ou não o instituto da reeleição, deve ele perder seu mandato. É a simples legalidade, garantida pela Constituição Hondurenha.

Se Manuel Zelaya empreendeu atos que causam a perda do mandato instantânea, como pode ele requerer sua volta ao poder? Que peça a punição dos militares truculentos que o retiraram do país à força ou, até mesmo, novas eleições onde aliados seus possam concorrer, porém, não é passível de requisição seu retorno ao poder, afinal, este não é mais ocupado por ele legalmente.

Em segundo lugar, como pode Zelaya se reunir com candidatos a Presidente de Honduras na embaixada brasileira? Não é proibido que ele faça política estando asilado em nosso prédio diplomático? E em não estando asilado, o que ele está fazendo lá? Então o que está havendo?

Obviamente que alinhavar acordos e compromissos políticos é fazer política, assim como discursar da sacada também o é.

Fica comprovado que, ao contrário do que dizem Lula e Celso Amorim, a embaixada brasileira em Tegucigalpa é, hoje, sim, base de operações zelayista.

A Constituição hondurenha prevê a perda do mandato dos que tentam se perpetuar no poder e os acordos políticos representarem um ato de “fazer política” são fatos. Inegáveis.

Zelaya não tem mais legitimidade legal para comandar Honduras e Zelaya está usando a embaixada como base política para irradiar uma inquietação nada desejável em Honduras. Não há como negar estes dois pontos, pois contra fatos não há argumentos.

Por falar em fatos, os zelayistas alegam que a embaixada está sendo atacada com gases tóxicos. Se isso for verdade, temos que repudiar de forma categórica o ataque. Particularmente eu não acredito. O “dono” da embaixada brasileira está mentindo. Mas, averiguemos.

Faço com relação a Zelaya a mesma pergunta que direciono a Hugo Chávez e que sempre fica, curiosamente, sem resposta - Por que Zelaya não indicou um sucessor que defendesse sua plataforma supostamente amada por algumas parcelas da população, ao invés de tentar perverter a lei hondurenha e conseguir permissão para lutar pela reeleição? Por que não um mantenedor das plataformas atuais que não fosse Zelaya? Na Venezuela, por que não um seguidor de Chávez? Por que o personalismo? Sempre pergunto isso e nenhum simpatizante do chavismo me responde.

Lula retrucou, quando questionado a respeito da participação ou não do Brasil em todo o plano de regresso de Zelaya, dizendo que deviam acreditar nele, e não em um golpista, sendo este, no caso, Roberto Micheletti. Pois bem. Ser golpista não significa perda de credibilidade, como prova o Chávez, que já tentou, no passado, tomar o poder venezuelano através de um golpe.

Corumbá

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